sexta-feira, 3 de julho de 2009

A Majestade




Chegando ao deserto, fui invadida por um sentimento de tranquilidade e satisafação: fiquei confusa, afinal, me encontrava em uma parte do mundo onde tudo era difícil de entender, inóspito e árido.
O que acontecia então?
A agua era limitada, o sol forte e inclemente mesmo no inverno e a noite era muito fria.
Alem da areia e do pó.
Qual o encanto?
A sensação do desconhecido, do incognocível , de inutilidade era real!
Enfrentar meus medos, os fantasmas do não saber, da incompreensão...
Ficar de frente à um vulcão ativo...
Caminhar dentro da boca de um vulcão extinto(?) com geisers ativos, que passando ao lado expele vapores como uma chaleira no fogo, mas a qualquer momento, sem aviso, um jato de agua de 80º celsius numa temperatura ambiente de 12 graus abaixo de 0 repentinamente acontece!!!!!!!!!
E suportar tudo isso, sem se assustar, sem sair correndo.
Aliás, a 4500 metros, correr é que não da.
Perceber a Majestosa Majestade da simplicidade da Natureza, é muito para qualquer cabeça normal.
Haja humildade em reconhecer o quanto somos pequenos, finitos, limitados, pretenciosos, metidos, arrogantes, e o que mais interessar possa!!!!!!!!
É uma experiência maravilhosa estar diante de tanta exuberância verdadeira,despojada, sem retoques nem firulas.
Um céu de uma coloração azul tão profundo, intenso e limpo, como jamais vi.
Lá esta sendo construido o projeto ALMA
Um observatório celeste cujo nome diz muito, um conglomerado mundial o financia.
Combina com o lugar.
Vai ser possível visita-lo quando pronto.
Impossível não reverenciar o que vi e vivi
Alem da majestade dos contornos naturais, da soberba natureza e formações salinas, geológicas e rochosas, a capacidade adaptativas da fauna e da flora, reverenciando a Mãe Terra, chamada por lá de Pacha Mama, que acolhe todos nós.
É uma lição de vida, de valores.
O valor da natureza, das raizes, de nós mesmos.
Somos parte disso tudo.
Dai viemos.
Somos pó.
Senti-me um grão.
Faço parte deste pó.
A tranquila consciència de pertinência.



O projeto ALMA
O projeto ALMA é um ambicioso projeto científico de construção de um rádio-telescópio que irá englobar cerca de 64 antenas transportáveis, sub-milimétricas, de 12 metros de diametro cada uma, com uma linha de base se extendendo por até 14 quilômetros. Seus receptores cobrirão o intervalo de 70 a 900 GHz. Apontando as antenas em uníssono para um único objeto astronômico, e combinando os sinais detectados por todas as antenas com um processador de sinal digital super rápido, este gigantesco rádio-telescópio obtém um detalhamento de imagem 10 vezes melhor do que o apresentado pelo
Hubble Space Telescope (HST). A área combinada de todas as 64 antenas usadas para coletar sinais provenientes de corpos celestes é mais do que 40 vezes maior do que aquela disponível atualmente para os astronomos que usam os telescópios submilimétricos existentes.

Estas antenas ficarão localizadas a uma altitude de 5000 metros, na Zona de Chajnantor, a leste da vila de San Pedro de Atacama, no Chile. Este é um local excepcional para astronomia (sub)milimétrica, possivelmente único no mundo.


6 comentários:

Blog do Beagle disse...

Miriam, eu tive a sensação de finitude, de pequenês e de inutilidade quando visitei o campo de concentração de Dachau. Entendo, em parte, seu espanto. Bjkª. Elza

Unknown disse...

Miriam, uma delícia o seu blog. Mas sobre o projeto Alma, você poderia ter nos contado um pouco na sexta-feira...
Bjs,
Henrique

Ciça Donner disse...

Meu Deus do céu, mas isso é o que eu chamo de expressar sentimentos com palavras. MARAVILHOSO

Rolando Palma disse...

Há vistas que nos cortam a respiração. Não só pelo que podemos ver... mas talvez até mais por tudo o que depois imaginamos...

Rolando Palma disse...

Oi, Miriam

Obrigado pela simpatia... estou escrevendo como pediu... não recebi nada.

Beijos.

Aldoarte disse...

Miriam: sim sim adorei tuas impressões... devias escrever mais sobre isso. A gente tem que deixar o dia a dia mais de lado um pouco... e poder se arriscar a pensar mais sobre aquilo que não cabe no nosso pensamento. Se acostumar com o tamanho das coisas reais da vida faz parte do nosso desenvolvimento. Pobre da nossa mente tendo que lidar com essa infinitude toda com apenas 3 dimensõezinhas... Eh!